Doenças Reumatológicas

Polimiosite

 São doenças de instalação progressiva ao longo de semanas, meses ou mesmo anos. Febre, quebra do estado geral e artralgias (dores nas articulações) podem ocorrer no decurso da doença. A queixa principal consiste na fraqueza dos músculos proximais (mais próximos do tronco) que pode manifestar-se como dificuldade para subir escadas ou levantar-se sozinha, de cadeiras baixas. Quando atinge os membros superiores é observada dificuldade para elevar os braços acima da cabeça ou, por exemplo, pegar objetos colocados em prateleiras elevadas. Pode ocorrer dificuldade na deglutição e fraqueza dos músculos do pescoço.

A fraqueza dos músculos respiratórios pode levar, em casos extremos, à necessidade de respiração auxiliada por ventilador. Na Dermatomiosite, para além dos sintomas referentes à fraqueza muscular, existem lesões na pele como manchas violáceas nas pálpebras superiores (heliotrópio), formações escamosas de coloração violácea nas faces dorsais dos dedos, cotovelos e joelhos (pápulas de Gottron) e foto sensibilidade (agravamento das lesões com o sol).

A Polimiosite e Dermatomiosite que surgem na infância associam-se, geralmente, a Vasculite (inflamação dos vasos sanguíneos) da pele, músculos e aparelho gastrointestinal. De modo geral, este grupo tem um prognóstico mais favorável do que a forma dos adultos.
A Polimiosite e Dermatomiosite podem associar-se a outras doenças autoimunes. As associações mais frequentes são com a Síndrome de Sjorgren, Esclerose Sistémica Progressiva, Lúpus Eritematoso Sistémico e mais raramente com a Artrite Reumatoide. O quadro clínico e o prognóstico resultam da sobreposição das patologias.

COMO SE FAZ O DIAGNÓSTICO DESTAS DOENÇAS?

O diagnóstico é feito com base na conjugação de dados clínicos (fraqueza muscular e lesões cutâneas) com exames complementares de diagnóstico.

Três exames revestem-se de especial importância:

Enzimas musculares: A destruição das fibras musculares durante o processo inflamatório liberta enzimas que podem ser medidas no sangue: transaminase glutâmico oxalacético (TGO), creatinofosfoquinase (CK), desidrogenasse láctica (LDH) e Aldolase. Os níveis destas enzimas no sangue apresentam boa correlação com o grau de atividade da doença revelando importância não só no diagnóstico, mas também no acompanhamento da evolução da doença.

Eletromiografia (EMG): A Eletromiografia consiste no registo da atividade muscular em resposta à estimulação eléctrica (com eléctrodos ou pequenas agulhas introduzidas no músculo). Na Polimiosite e Dermatomiosite existem aspectos característicos que podem ajudar a confirmar o diagnóstico.

Biópsia muscular: A biópsia muscular (exame de um pequeno fragmento de músculo extraído por meio de agulha ou pequena cirurgia) é importante, principalmente para confirmar o diagnóstico. No entanto, não há uma correlação direta constante entre os aspectos da biópsia e as manifestações clínicas.

Outras análises podem ajudar no diagnóstico. Os anticorpos anti nucleares (ANA) podem ser positivos nesta doença tal como nas outras doenças autoimunes.

QUE TRATAMENTOS ESTÃO INDICADOS


NA POLIMIOSITE E DERMATOMIOSITE?

O tratamento é adaptado de acordo com as necessidades do paciente. Antes do início do tratamento é importante excluir a associação com doença maligna, pois só o tratamento desta poderá melhorar a sintomatologia.

MEDIDAS GERAIS:
Repouso na cama - é recomendado durante a fase ativa da doença assim como a restrição de esforços quando começa a recuperação.
Fisioterapia - está indicada nos doentes acamados, sobretudo para evitar contraturas musculares.
Ginástica respiratória - tem como objetivo evitar complicações pulmonares.

TRATAMENTO FARMACOLÓGICO:

Os corticosteróides (Meticorten, Prelone, Predsim) são os fármacos de primeira escolha no tratamento da Polimiosite e Dermatomiosite.
A sua ação supressiva potente sobre a inflamação leva a remissões longas ou até definitivas. No entanto, o seu uso prolongado pode provocar efeitos secundários como aumento de peso,inchaço da face e mãos, Manchas arroxeadas e negras de aparecimento fácil, aumento do risco de infecções, osteoporose (ossos mais frágeis) e aumento da pressão arterial.

Os corticosteroides suprimem a produção dos esteroides do próprio corpo, causando problemas sérios se o tratamento for suspenso de modo súbito. Estes fármacos necessitam de ser reduzidos gradualmente (desmame ou descontinuação).

As doses de corticosteroides só devem ser estabelecidas, alteradas ou suspendidas com o acordo do médico assistente.

O tratamento com corticosteroides é muitas vezes associado a outros medicamentos como a azatioprina, Metotrexate ou ciclosporina (fármacos depressores do sistema imune) que ajudam a manter a remissão e a diminuir a dose de corticosteroides necessária para esse objetivo. Também estes medicamentos têm efeitos secundários que podem ser importantes e que podem ser evitados quando determinadas precauções são tomadas. O seu uso implica, portanto, uma vigilância médica mais apertada. A Imunoglobulina (Sandoglobulina) é usada nas formas de Polimiosite e Dermatomiosite resistentes às outras terapêuticas. Têm, relativamente, poucos efeitos secundários e estes são geralmente de curta duração e reversíveis (dores de cabeça, febre, vómitos, mal estar).